durante muito tempo, olhei para ela, uma mulher na terceira idade cuja rotina se resumia a casa, as tarefas de casa, ao cuidado, ao cuidar, a preocupação, e não entendia o por quê dela repetir dia a dia, o mesmo ritual, as mesmas tarefas, os mesmos afazeres domésticos. E foi só quando me aproximei dela na escuta que passei a compreender um pouco que o que restou para ela foi escrito lá atrás quando lhe foi exigido que ela fosse assim, cuidado, atenção e preocupação. Esquecemos de perguntar ou de simplesmente parar para ouvir as outras possibilidades de vida que ela quis ter as que ela tem. A vida invisível de Iolanda Bezerra enquadrada na vida visível de Iolanda Bezerra dos Santos/de Melo. Durante muito tempo esquecemos, nós filhos, de a incluir na nossa intimidade.
"eu sou um rei que não tem fim
que brilhas dentro aqui…
e o meu caminho,
e o teu caminho
é um nem vais nem vou"